quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Real" Beleza

Contradições do mundo da moda. Na mesma semana em que a revista americana "Glamour" e a alemã "Brigitte" anunciaram que iriam estampar em suas capas modelos mais próximas do "real", Filippa Hanilton, a modelo da Raplhp Lauren que surgiu numa campana excessivamente magra, garante que foi dispensada por ter algum peso a mais.

Afinal, a moda ainda se guia pelo culto da magreza. Segundo Filippa Hamilton, o seu contrato terminou em Abril passado por ter ganho apenas alguns quilos a mais. "Disseram que eu tinha engordado e não cabia mais nas suas roupas", afirmou a manequim, de 23 anos, ao "Daily News" .

A propaganda em que a modelo parecia magra demais foi exibida somente no Japão, mas a Ralph Lauren a retirou após a polêmica em torno da imagem da jovem, além de fazer um pedido formal de desculpas.

Contactado pelo jornal, o costureiro garante que tudo não se passou de um mal entendido, sublinhando que Filippa é uma mulher "linda e saudável". "A nossa relação profissional só terminou, devido à incapacidade da modelo de cumprir as obrigações contratuais", explicou Polo Ralp Lauren.

Enquanto isso, a "Glamour" e a alemã "Brigitte" anunciaram que iriam estampar em suas capas modelos mais próximas do "real". Tudo para reconquistar as leitoras que se distanciaram por sempre se depararem com um padrão de beleza distante do seu dia a dia.

A revista "Glamour" trará em sua capa de novembro sete modelos nuas acima do peso - pelo menos para os padrões das passarelas. A publicação americana já havia feito sucesso em sua edição de setembro ao colocar a foto de uma modelo com a barriguinha à vista, a americana Lizzie Miller, 20 anos.

Já a "Brigitte", revista feminina mais popular na Alemanha, anunciou que não vai mais exibir modelos profissionais em suas páginas, substituindo-as por mulheres "comuns". A publicação alega que, ao estampar figuras magérrimas, acabou se distanciando de suas leitoras.

Na Semana de Moda de Milão, a adoção de padrões "acima das medidas" já não é novidade. Especialista em roupas de tamanhos maiores, Elena Mirò sempre apresenta suas coleções na fashion week italiana com modelos "plus size".

O desfile mais recente da estilista, ocorrido no dia 23 de setembro, contou justamente com a presença de Lizzie Miller, a mesma que causou polêmica - e também recebeu muitos elogios - ao exibir nas páginas da "Glamour" os "pneuzinhos" salientes.

Em meio a essa polêmica, um grupo de parlamentares franceses colocou em discussão um projeto de lei para limitar o uso abusivo do Photoshop. Sob a proposta, toda imagem modificada que for publicada no país em anúncios, notícias ou embalagens de produtos deverá trazer um aviso. Quem descumprir a regra estaria sujeito a uma multa de US$ 55 mil ou até 50% do custo da campanha.

Na verdade, eu acho que a beleza "real" é muito relativo. O padrão está sempre mudando e muda também em diferentes cidades. E mesmo dentro da mesma cidade, por exemplo, na zona sul do Rio de Janeiro, a preferência é por um corpo mais magro e saudável, enquanto que em outras regiões da cidade, os homens e mulheres preferem um corpo mais arredondado.

E mesmo as gordinhas também podem ser "photoshopadas". Afinal, o que vai sair na revista é uma gorda bonita, com formas proporcionais. Essas gordinhas reais também são selecionadas. E essa questão não é nenhum pouco nova, olha a campanha da Dove pela beleza Real:


A questão é: os padrões de beleza no mundo editorial da moda estão em xeque? Mas não sempre foi assim? Nos anos 50 Marilyn Monroe fazia sucesso com suas curvas volumosas, aí veio a Twiggy, magra igual uma tábua. Nos anos 90, na época em que Cindy Crawford, Claudia Schiffer e Naomi Campbell faziam sucesso, conhecidas por serem altas e terem corpos curvilíneos, veio Kate Moss como uma "anti-modelo". E depois, Ann Wintour declara a volta às curvas com Gisele Bündchen. E as modelos brasileiras se destacam.

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